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METODOLOGIA_PARA_PESQUISA_EM_CULTURAS_POPULARES-AYALA_ORG

Abaixo o capítulo de introdução do livro.

 

INTRODUÇÃO

Maria Ignez Novais Ayala e Marcos Ayala

A proposta de organizar um livro narrando a experiência em pesquisas individuais, em dupla e em grupo foi se firmando nos últimos anos, devido ao grande volume de documentos gerados em pesquisa de campo e de uma vasta experiência de leitura, que nos auxilia a pensar criticamente as práticas culturais, intimamente associadas à vida comunitária. Abrange a reflexão sobre procedimentos metodológicos utilizados para o registro e estudo das tradições orais vivas que encontramos nos estados de São Paulo e da Paraíba e em outras localidades por onde passamos. A oralidade é entendida como forma de transmissão, mas, sobretudo, como conjunto de sistemas culturais com visões de mundo, ações, normas e valores estéticos e sociais que envolvem múltiplas temporalidades. Encontrados em comunidades urbanas e rurais, indígenas e quilombolas, esses sistemas também podem se valer de outras linguagens, como, por exemplo, a da escrita, na assim chamada literatura de cordel, com seus folhetos, poemas e canções; da xilogravura, pintura e escultura; de encenação sério-cômica, mesclada com canto e dança, contendo elementos poéticos, narrativos e épicos: contam histórias, mostram a ação de pessoas ou de personagens.

A capacidade das formas de expressão da oralidade se manterem ou ressurgirem após anos de descaso dos poderes públicos ou de desinteresse de parte da comunidade pode se relacionar com a noção de tempo, diferente na cultura escrita e nas culturas orais. A duração temporal nas culturas orais é longa, a ponto de haver cantos, rituais que se refazem aparentemente sem grandes variações, quando se comparam registros feitos em diferentes momentos, com distância de vinte, trinta anos ou mais. Também não estão fixados limites de gêneros e atividades artísticas na oralidade como ocorre na cultura escrita. Tudo pode se mover: os mesmos versos orais colhidos em determinada localidade e época, numa dada forma de expressão, podem ser encontrados em outros lugares bem distantes ou podem reaparecer em outra época e em formas de expressão distintas. Tudo se faz e refaz como nas imagens sempre renovadas em um caleidoscópio. Não se trata de persistência do passado no presente, mas de criações simbólicas que têm se mantido sempre presentes, sempre atuais. O que teve significado intenso para antepassados pode continuar a ser praticado no presente por outros.

Estas características das culturas orais ficam bem evidentes quando se confrontam transcrições de registros cantados ou declamados e registros sonoros de rituais mágicos e religiosos e de danças dramáticas tradicionais.

Os artigos reportam-se a situações presenciadas em diferentes tempos e lugares, deixando transparecer o envolvimento dos pesquisadores com as pessoas detentoras de conhecimentos tradicionais, a atenção no que se viu e se ouviu, as sensações provocadas pelas poéticas orais, com efeitos de longa duração na memória dos pesquisadores envolvidos, a análise dos contextos de produção, de conflitos e estratégias das comunidades envolvidas com as práticas culturais e costumes tradicionais.

As pesquisas de culturas orais aqui tratadas são de diferente natureza:

  1. a) primeiros contatos com artistas populares e suas produções culturais; com senhores e senhoras respeitados em suas comunidades por conhecimentos e práticas devocionais de catolicismo popular e de religiosidade afro-brasileira, em festas locais, regionais e nacionais; com artesãos e seus trabalhos artesanais em feiras, exposições e residências;
  2. b) pesquisas exploratórias para conhecer os lugares de cultura e as pessoas diretamente envolvidas nos costumes e práticas artísticas e culturais;
  3. c) pesquisas de campo para conhecimento e registros eventuais;
  4. d) pesquisas de longa duração envolvendo sucessivas idas a campo, gravações de diferentes formas de atuação de artistas populares em contextos comunitários, em apresentações públicas, em situações dialógicas (conversas, relatos, entrevistas) de pesquisadores com participantes das culturas populares. Algumas delas se desenvolveram como pesquisas acadêmicas.

Nos quatro tipos acima, além das diferentes situações dialógicas (rápidas conversas em intervalos de apresentações públicas, conversas mais longas agendadas previamente) eram feitas anotações em cadernetas de campo, reflexões em cadernos com descrições e narrações detalhadas de ocorrências observadas e estudos de compreensão dos registros orais. Recorremos a transcrições, textualizando os registros orais – fixação por escrito da fala, canto e narrativas –, além de edições em outras linguagens como registros sonoros e audiovisuais, dando destaque a trechos de relatos, a versos cantados ou declamados, a narrativas. A leitura de publicações teóricas e de estudos monográficos, com especial atenção a procedimentos metodológicos e técnicos, é feita simultaneamente à organização dos dados de campo para ampliar a capacidade crítica e analítica com o conhecimento das experiências sobre culturas orais e populares, vida comunitária, diferenças de sistemas culturais, memória, temporalidade expressas por estudiosos de diferentes áreas (Letras e Linguística, Antropologia, Sociologia, Música, História, Filosofia, Psicologia, Artes Plásticas e Visuais).

Não se trata aqui de uma sucessão de etapas, mas de uma simultaneidade de ações em função da observação e da busca de sentido dessas práticas culturais, privilegiando a fala de artistas populares e de outros participantes diretos dos costumes e práticas culturais e seu entendimento através de dados empíricos e da reflexão teórica. Há um movimento de ir e vir constante, pois estão sempre em movimento tanto as culturas tradicionais vivas, quanto o conhecimento construído com observação, análise de registros sonoros, audiovisuais e fotográficos, leituras e releituras de bibliografia e de outros documentos produzidos por scholars e outros estudiosos das culturas populares.

Trata-se mais da reflexão sobre estudos de caso do que da proposição de procedimentos teóricos para o estudo das culturas orais. Reunimos um conjunto de artigos que demonstram as ações dos pesquisadores, as escolhas no sentido de dar mais visibilidade às ações dos artistas populares e de outros participantes das diferentes práticas culturais, cujos registros fotográficos, sonoros e audiovisuais, junto com sínteses explicativas vão sendo incluídos no site do Acervo Ayala (www.acervoayala.com), local de divulgação de pesquisas de campo que temos realizado ao longo de mais de quarenta anos.

A metodologia que temos adotado nos últimos quinze anos fundamenta-se em conceitos de Patrimônio Imaterial, privilegiando as culturas tradicionais, isto é, aquelas que têm sua forma de conhecimento repassada pela transmissão oral, em contraste com outras formas de conhecimento que se alicerçam na escrita.

No Brasil, é grande a diversidade cultural que prescinde da escrita para existir, boa parte dela existente na Paraíba: culturas ciganas, culturas indígenas, culturas de comunidades quilombolas, comunidades ribeirinhas, comunidades litorâneas, entre outras. Não significa que essas comunidades estejam isoladas e não dialoguem com formas de cultura escrita, seja através dos jovens integrados na escola, seja dos demais como público dos meios de comunicação de massa e eletrônica. Muitas delas são encontradas nos bairros de periferia das cidades, devido a movimentos migratórios.

É preocupação internacional, conforme as diretrizes assumidas pela UNESCO, o direito às diferenças culturais. Com base nisso, cresce em nosso país como em todo o mundo a consciência da diversidade cultural e a urgência de implantação de estratégias para o estabelecimento de formas de proteção patrimonial.

Estamos formando, ao longo de nossa vida, um acervo de tradições orais de difícil preservação, pois os suportes (filmes fotográficos, fitas magnéticas, principalmente) passam por transcrições constantes para novas mídias eletrônicas para que não se percam as imagens nem as falas, cantos, danças, registrados em seus contextos comunitários.   Tanto a documentação, quanto as pessoas ou a memória daqueles que foram referência de costumes artísticos e religiosos são importantes para dar visibilidade às culturas populares existentes nas diferentes regiões do Brasil. Também são fundamentais para propiciar formas de salvaguarda das tradições orais e de inclusão de detentores de conhecimentos tradicionais em diferentes espaços, dentre eles os vários níveis do sistema educacional formal, com melhoria de suas condições sociais e econômicas, afinal, eles conhecem profundamente práticas culturais que estão caindo em desuso ou passando por processos de mudança e ressignificação.

Os pressupostos metodológicos com que temos lidado devem atender a necessidades de pesquisa de campo, de organização, análise e interpretação dos dados, de preservação de documentos, de divulgação e acesso.

A interdisciplinaridade surge como pressuposto metodológico básico para formação de equipe de pesquisa de campo com titulação acadêmica diversificada, para a construção de instrumental teórico e técnicas de pesquisa provenientes de várias áreas das Ciências Humanas, fundamental na organização, análise e interpretação e, também a multidisciplinaridade, para a formação de uma experiência compartilhada e construída junto com pesquisadores de diferentes áreas, sejam eles iniciantes ou estudiosos experientes, envolvidos no processo de registro e preservação documental, na criação de formas de divulgação e acesso. Não se trata da reunião de profissionais de diferentes áreas para execução de tarefas, mas de uma realização conjunta em torno de um acervo em constante construção.

Entendemos que uma metodologia para as culturas populares tradicionais, vivenciada em pesquisas individuais, em dupla e em equipe, envolve a formação de uma coleção ou coleções de documentos e de peças relacionadas a épocas passadas ou mais presentes, a partir de objetos culturais, mas nunca tivemos o objetivo de criar cristalizações ou manutenção de um ponto de vista que, de certa forma, dá uma rigidez temporal ao que é exposto. Ao contrário, pretendemos entender o que e por que as práticas culturais, registradas em épocas e lugares diferentes, apresentam elementos de permanência e mudança. Quando ocorrem permanências e mudanças, a que estão relacionadas?

Os objetos culturais são importantes para a análise, mas a prioridade recai no ponto de vista dos sujeitos que participam das culturas tradicionais. Mesmo quando, através de um estudo comparativo de estruturas poéticas e narrativas, suas práticas culturais pareçam não sofrer grandes mudanças, não devem ser tratadas como “sobrevivência do passado no presente”, como entendiam os antigos folcloristas. Ao contrário, as comunidades e suas atividades culturais são contemporâneas, fazem parte de um contingente enorme da população, embora nem sempre sejam reconhecidas devidamente como protagonistas de cultura. Devido à coexistência de múltiplas temporalidades, nem sempre é fácil de ser compreendida como cultura, ou seja, como aquilo que não só dá identidade, no sentido de fazer a diferença, como no sentido de fazer parte da vida das pessoas que manifestam suas dores, suas alegrias, seus prazeres, enfim se reconhecem como gente pelo que fazem em grupo, em sociedade, em suas comunidades.

Resumindo, a metodologia para as culturas populares privilegia ações, saberes, fazeres, corpos em movimento no trabalho cotidiano, nos momentos de convívio com aqueles que fazem parte de seu grupo. Em datas festivas, têm seus modos de externar sua fé, sua devoção, sua alegria, sua forma de conviver com diferentes faixas etárias, que podem ser diferentes daqueles padronizados pelo mercado ou pelas expressões culturais dominantes e oficiais. Assim, há diferentes modos de festejar o natal, além de montar árvores, dar presentes ou se vestir de Papai Noel. Há lugares da Paraíba em que são montados presépios nas casas e nas igrejas, com a participação de muitas pessoas, nos quais, além das figuras bíblicas de Maria, José, menino Jesus e os três Reis Magos na Lapinha, com a Estrela Guia e os animais (boi, vaca, carneiro, galo), são acrescentados bibelôs, cactos e outras plantas, espelhos com patinhos, simulando lagoas, várias representações de cenas de trabalho, que trazem a história sagrada para mais perto da vida cotidiana.

Em algumas cidades paulistas, ainda são presentes os presépios com inúmeras cenas de trabalho com seus personagens e ferramentas, representando uma comunidade laboriosa, junto com as figuras bíblicas, com movimento gerado por pequenos motores e pilhas, ligados em uma complexa engrenagem. Outro exemplo paraibano: a Festa do Rosário de Pombal, na qual a participação dos fiéis na procissão revela a que grupo social e religioso eles pertencem: há fiéis que carregam, na cabeça, pedras ou coroas de espinho de cactos; outros andam descalços; outros usam as roupas de seus grupos de dança; os que pertencem a confrarias têm suas insígnias; os mais abastados são reconhecidos por suas roupas, seus gestos, suas ações e assim por diante.

Os pressupostos metodológicos utilizados procuram dar visibilidade à cultura dos que nem sempre são valorizados por sua condição de artistas e seu conhecimento, que lhes faz ter uma relação específica com a natureza (como os pescadores, os que vivem da coleta de frutos nas matas), para os quais há uma legião de seres extraordinários, que o mundo da escrita classifica como seres imaginários, fictícios, enquadrando-os apenas como personagens de lendas e de mitos. Para quem vive a cultura da oralidade, esses seres extraordinários existem, impõem respeito e comedimento (não colher frutos à toa, não matar passarinhos, não caçar filhotes ou fêmeas, não depredar ninhos, não apanhar caranguejos ou lagostas fora da época, não fazer barulho nem alvoroço). A vida no mangue, por exemplo, obriga à criação de instrumentos específicos para extração de mariscos e de diferentes espécies de crustáceos, obriga a um conhecimento de marés e do ciclo de reprodução da fauna e flora ali presente. Quando se perde esse conhecimento ou se menospreza esse conhecimento, começam a surgir problemas ambientais sérios.

Uma metodologia para pesquisa de campo e estudo das tradições orais vivas pressupõe a reunião de documentação em diferentes suportes, de modo a se ter para consulta e observação:

  1. objetos utilitários ou peças artesanais que hoje podem ter ganho outros usos, mostrando essas mudanças nos costumes e também como são contemporâneos costumes considerados antigos, mas que têm sentido para quem os vive no presente.
  2. registros sonoros, fotográficos, audiovisuais, publicações e manuscritos, que podem ser mostrados dialogando com os objetos e com textos sobre eles. Podem mostrar como são feitos, quem os faz, os lugares onde são feitos. Também podem trazer falas e cantos de quem usa esses objetos e o que representam para eles.
  3. objetos, registros sonoros, fotográficos, audiovisuais, publicações e manuscritos feitos em diferentes épocas, revelando como certos costumes se mantêm vivos e as mudanças que sofrem ao longo do tempo.
  4. o que se mostra pode deixar no público uma vontade de voltar várias vezes aos estudos, aos registros de exemplificação para ampliar o conhecimento e ter novas experiências.

É com base nesta materialidade, formada a partir de princípios metodológicos e técnicas de pesquisa, organização de dados, preservação de acervo, que procuramos expor abordagens teóricas e analíticas do patrimônio imaterial. Uma pesquisa ou um acervo que se empenhe em valorizar as tradições orais vivas, dentre seus pressupostos, deverá prever um público que vai e volta aos documentos por vontade própria e não por obrigação imposta por escola e professores.

Uma metodologia para o estudo das tradições orais não deve se limitar à produção de textos acadêmicos, deve incluir em seus resultados espaços para a experimentação em que se criem situações de inquietação e curiosidade, em que se criem formas de diálogo com pesquisas já realizadas em tempos anteriores e com outras pesquisas contemporâneas, através de objetos, de registros sonoros, fotográficos e audiovisuais, de publicações, datiloscritos e manuscritos feitos em diferentes momentos do século XX e do século XXI, existentes em acervos públicos e particulares da Paraíba e de outros Estados.

A metodologia para as culturas populares, que apresentaremos através dos artigos, tem entre seus pressupostos, desde as primeiras pesquisas de campo, a criação de uma experiência significativa de aprendizagem sobre o patrimônio imaterial e a diversidade das culturas tradicionais populares, de conscientização da diversidade cultural brasileira, existente em situações e espaços não formais de educação, isto é, em comunidades tradicionais nas quais a escrita não é algo imprescindível.

Para este e-book recorremos a informações de relatórios de pesquisa, trabalhos apresentados em encontros científicos que se mantiveram inéditos e de publicações em periódicos de difícil acesso hoje.

Os capítulos foram elaborados de modo a construir uma espécie de memória de experiências vividas, através de reflexões feitas em diferentes épocas. Convidamos dois pesquisadores. Magno Augusto Job de Andrade e Cleomar Felipe Cabral Job de Andrade, com quem, nestes últimos vinte anos, dividimos muitas das pesquisas de campo, perspectivas de análise, registros sonoros e audiovisuais, produção de livros, CDs e DVDs, além do trabalho de organização e digitalização de fontes primárias, que começam a ter divulgação no site www.acervoayala.com. Também convidamos Edson Soares Martins, com quem partilhamos experiências recentes de pesquisa no Ceará e é o editor desta e de outras publicações em papel ou eletrônicas. Expressamos nossos agradecimentos a esses parceiros e parceira, bem como aos outros participantes da equipe técnica.


Cocos: Alegria e Devoção – Livro + CD 

Maria Ignez Ayala e Marcos Ayala, organizadores.

Coletânea de textos trazendo várias perspectivas a respeito dos cocos e dos grupos de brincantes trabalhados pelo LEO-UFPB.

(clique aqui para vizualizar no Google Books).

Este livro se encontra também disponível nesse site em versão digital aqui.

O CD conta com uma seleção representativa da diversidade e variedade dos cocos estudados no livro. Pode ser acessado aqui na versão digital.

No Arranco do Grito – Livro

Maria Ignez Novais Ayala

Fruto de pesquisas a respeito da cantoria nordestina em São Paulo e no Nordeste. (clique aqui para vizualizar no Google Books)

 

Nau Catarineta de Cabedelo 1910/1952 – Livro
Hermes Nascimento
A publicação é um documento importante para o estudo desta dança dramática, contendo os versos cantados e dançados, bem como as falas dos personagens e as indicações de cena. Fundamental como texto de teatro popular, como canto, como luta para manter seu lugar na memória, livre do esquecimento, despertando o interesse de novos leitores, o desejo de ver e ouvir na rua a tripulação dessa nau que nos traz maravilhas, através daqueles que a vivenciaram e carregam consigo versos e cantos para sempre.

 

 Livos:

livro_hermes

Nau Catarineta de Cabedelo 1910/1952
Hermes Nascimento
A publicação é um documento importante para o estudo desta dança dramática, contendo os versos cantados e dançados, bem como as falas dos personagens e as indicações de cena. Fundamental como texto de teatro popular, como canto, como luta para manter seu lugar na memória, livre do esquecimento, despertando o interesse de novos leitores, o desejo de ver e ouvir na rua a tripulação dessa nau que nos traz maravilhas, através daqueles que a vivenciaram e carregam consigo versos e cantos para sempre.

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Barca Santa Maria – versos e memória da brincadeira da Nau Catarineta
José de Carvalho Ramos (Mestre Deda)
Barca Santa Maria: versos e memória da brincadeira da Nau Catarineta representa a tradição que José de Carvalho Ramos – Mestre Deda – vem mantendo pela transmissão oral. A brincadeira da Nau Catarineta, nesta versão de Mestre Deda, impressiona pela variedade e beleza de seus cantos narrativos, dança e entrechos dramáticos que representam as idas e vindas da embarcação, que fica perdida no mar por muito tempo, a fome, a sede, as lutas entre os tripulantes. Impressiona, sobretudo, como luta para manter um lugar na memória, livre do esquecimento, reservado à vida difícil dos trabalhadores do mar.


capa_cdCD-Barca Santa Maria – Mostra de Verso, Partes e Jornadas

Mestre Deda
CD101 Reza: “Maria, mãe de Deus” (04:53)
02 ABERTURA – “Damos de marcha”/
“Quando o mar balança a barca” (06:19)
03 “Saltamos todos”/“Ora viva, viva,
viva”/“Valha a estrela do Norte” (06:57)
04 “Ferrar os panos” (01:26)
05 Diálogo com a maruja/“Marujos do mar”
(06:03)
06 “Perdido no mar largo” (04:54)
07 “A vida dos marinheiros” (05:16)
Bônus: vinheta da entrevista com o Mestre      Deda, em 23.07.2005
08 PARTE DO GAJEIRO – “São quatro pastor,
irmão…” (03:40)
09 “Senhor Piloto” (08:01)
10 VERSOS: 1º Tenente (00:22)
11 VERSOS: 2º Tenente (00:30)
12 VERSOS: Guarda-Marinho (00:20)
13 VERSOS: Saloia (00:31)
14 VERSOS: Calafatinho/ “Que tens tu
Calafatinho”/ VERSOS: Mestre (03:14)
15 PARTE DA FORTALEZA – “Tiruléu, léu, léu/
tiruléu, léu, léu, léu, léu” 05:06)

CD2

01 Explicação do Mestre (00:56)
02 CONT. DA PARTE DA FORTALEZA –
“Ô moças bonitas” (07:21)
03 VERSOS: 1º e 2 º Gajeiros (00:26)
04 Diálogo entre personagens: Prático, Rei D.      João, Almirante, Gajeiro Mestre  (01:02)
05 VERSOS: Capitão-de-Fragata (00:10)
06 VERSOS: Rei D. João (00:29)
07 “Vamos ver a barca nova” (14:53)
08 “Ouçam meus senhores” (04:20)
09 “Ando roto, esfarrapado” (07:51)
10 PARTE DA COMIDA – Diálogo entre Ração e      Mestre (00:51)
11 “Indo eu jantar” (04:18)
12 Diálogo entre Ração, Vassoura e
Mestre (00:10)
13 Diálogo com a maruja/“Toca, toca a
trabalhar” (10:06)
14 “Ração e o Vassoura toca fogo nas
caldeiras” (06:58)
15 DESPEDIDAS – Seu Mestre Mar-de- Guerra,      ora vamo-nos embora” (06:19)
16 “Adeus, senhores!”/ “Eu vou, eu vou, vou        embarcar” (05:02)
17 Vinheta da entrevista com o Mestre Deda,       em 15.10.2005 (00:18)

Ficha Técnica

_ Coordenação do Projeto “Embarcando na Nau Catarineta” e produção: Marcos Ayala
_ Pesquisa: Coletivo de Cultura e Educação Meio do Mundo
_ Letras e melodia da tradição da Barca Santa Maria de Mandacaru, gravadas durante ensaios no Centro Social Urbano de Mandacaru e em estúdio, entre 2004 e 2005, com Mestre Deda e
participantes da Barca Santa Maria de Mandacaru
_ Gravação em campo: Vlader Nobre Leite, Maria Ignez Novais Ayala e Marcos Ayala
_ Gravação no estúdio do Laboratório de Rádio da UFPB: Carmélio Reinaldo
_ Seleção de faixas: Magno Augusto Job de Andrade
_ Programação visual: Kalyne Vieira
_ Masterização: Magno Augusto Job de Andrade
Cds prensados pela Pindorama Produções
(R. Prof. Batista Leite, 47, Roger – João Pessoa – PB)


capa_videoVídeo-Barca Santa Maria – Mostra de Verso, Partes e Jornadas

Mestre Deda

 

Capa

Capa

Ouvimos um coco pela primeira vez na Vila das Palmeiras, na região da Freguesia do Ó, bairro da capital de São Paulo, em meados da década de 70, cantado por quatro matriarcas negras, responsáveis pela Festa de Treze de Maio, em louvor a São Benedito e em lembrança da libertação dos escravos, com ladainhas, rezas e danças reconhecidas como de negros — batuque ou samba de umbigada e samba-lenço — de que participavam intensamente. As quatro irmãs tinham idade próxima ou acima dos setenta anos e durante um intervalo da dança, em uma das últimas festas para a qual fomos convidados na casa da mais idosa — Dona Guilhermina — ouvimos um coco antigo que aprenderam quando crianças, provavelmente com o pai nascido na Bahia. A melodia da canção era um lamento que tinha por refrão:

Êh zueira
mangabeira não dá mais fulô
candeia
É cambito de caixa
cambito-ri-ri
papagaio novo papaga-ri-ri
piriquito novo piqui-ri-ri-ri
Espirito de santo espiri-ri-ri-ri
minha gente venham vê ôlô
cantá o meu coco gemedô.

Trecho extraído de: APRESENTAÇÃO


Para acessar o livro em PDF clique nos links abaixo:

CAPA E ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS

APRESENTAÇÃO

PRIMEIRA PARTE: ESTUDOS

OS COCOS: UMA MANIFESTAÇÃO CULTURAL EM TRÊS MOMENTOS DO SÉCULO XX -Maria Ignez Novais Ayala

>VERSÃO MULTIMÍDIA DO CAPÍTULO: OS COCOS: UMA MANIFESTAÇÃO CULTURAL EM TRÊS MOMENTOS DO SÉCULO XX -Maria Ignez Novais Ayala<

O PERFIL DOS COQUISTAS – Josane Cristina Santos Moreno

O OLHAR DESCONFIADO: REFLEXÕES SOBRE A RELAÇÃO PESQUISADOR/PESQUISADO – Gilberto de Sousa Lucena

AS INTERFERÊNCIAS NA REALIZAÇÃO DO COCO – Andrea de M. Guerra e Mônica Martins Pereira

TRADIÇÃO E EXPERIÊNCIA: O COCO EM DUAS COMUNIDADES DE PESCADORES – Henrique J. P. Sampaio

A POESIA DOS COCOS – Jimmy Vasconcelos de Azevêdo

O PANDEIRO E O FOLHETO: A EMBOLADA ENQUANTO MANIFESTAÇÃO ORAL E ESCRITA – Jimmy Vasconcelos de Azevêdo

O COCO EM FORTE VELHO: UMA POÉTICA ENTRE O RIO E O CANAVIAL – Ana Cristina M. Lúcio e Diógenes A. V. Maciel

DA BRINCADEIRA DO COCO À JUREMA SAGRADA : OS COCOS DE RODA E DE GIRA – Maria Ignez N. Ayala e Marinaldo José da Silva

SEGUNDA PARTE: REGISTROS

NOTA DOS ORGANIZADORES

ANTOLOGIA

O CADERNO DE SEU ROQUE

CANTADORES, TOCADORES E DANÇADORES


OUTROS REGISTROS DE COCOS: Alegria e Devoção

VERSÃO MULTIMÍDIA DO CAPÍTULO: OS COCOS: UMA MANIFESTAÇÃO CULTURAL EM TRÊS MOMENTOS DO SÉCULO XX -Maria Ignez Novais Ayala

CD – COCOS: Alegria e devoção ( edição digital on-line)

Galeria de fotos do CD – COCOS: Alegria e devoção