Conhecemos a Festa do Rosário em 1979, mas não fizemos gravações. Impressionou-nos o fato de ser mais forte o culto popular ao rosário do que à Nossa Senhora do Rosário, como ocorre em São Paulo e Minas, em que congadeiros e moçambiqueiros sempre manifestam sua devoção à santa.

Outra diferença – existência de dois reis: o Juiz da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, que é o rei da festa, e o rei dos Congos, que sempre se apresenta com o grupo. A marca da realeza do rei dos congos reside no uso da coroa e de um guarda-chuva preto (que equivale ao pálio real, dos maracatus).

Anos depois, comparando nossas fotografias com as da Missão de Pesquisas Folclóricas enviada ao Nordeste e Norte por Mário de Andrade em 1938, pudemos perceber como este grupo dos congos resiste a mudanças e deseja manter sua fidelidade à tradição. As entrevistas feitas durante a pesquisa de campo desenvolvida por Marcos Ayala entre 1987 e 1991 também demonstram o apego às tradições familiares, pois os participantes dos grupos dos pontões, dos congos e do reisado mantêm os costumes de seus pais, avós, bisavós.

Dentre os registros sonoros digitalizados, selecionamos para amostragem partes de fitas gravadas em Pombal que contêm momentos da Festa do Rosário (fitas 001, 004 e 011), seguidos da descrição de Marcos. Este registro é importante porque o gravador serve como caderneta de campo; além de identificar os registros sonoros, a descrição permite acompanhar os acontecimentos.

O toque do sino é recorrente na festa. Um dos elementos tradicionais de celebrações como a Festa do Rosário é o papel exercido pelo sineiro que, através dos toques, desenvolve uma linguagem de sons, que avisa aos moradores o que vai ocorrer ou o que está ocorrendo. É um saber tradicional.


Catálogo de Registros sonoros da Festa do Rosário

Amostra de registros sonoros: